quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

TALENTO E ATITUDE, INSEPARÁVEIS!

Sempre tive o pensamento de que o TALENTO SEMPRE PREVALECE e quando li a biografia do Tim Maia esse meu pensamento foi confirmado.

O Cara brigou com Deus e com o mundo, foi impedido de se apresentar na Rede Globo (maior emissora de tv do país), teve problemas até com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mas mesmo assim conseguia vender os seus discos e fazer os seus Shows, ao menos os que ele queria fazer e que lhe rendia dinheiro.

Viveu do jeito que quis não se submetendo a nada, nem a ninguém e bem ou mal deixou um legado de sucesso e respeito que muito poucos terão na mesma dimensão e, todas as vezes em que ele ficou na pior deu a volta por cima calando a boca de todo mundo.

Tim Maia e Atitude é uma coisa só.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

CARNAVAL: A CARA DO BRASIL

Tudo é festa, as pessoas se pintam, se fantasiam, pulam e brincam, se entregam a luxuria e às drogas, as ruas ficam cheias de foliões o país pára para se divertir durante cinco dias ou mais ao som do samba, do axé, do frevo, do forró e demais músicas populares. É o carnaval brasileiro que do Oiapoque ao Arroio, se converte numa alegria só, ou seria numa só alegria? Tristeza? Palavra que não existe nesses dias de carnaval. Todos estão em festa: do pobre ao rico; do cidadão ao governante; do soldado ao comandante; do policial ao traficante. E o crime? Bem, o crime entra na folia também, ou faz parte dela, ou a patrocina e se reinventa numa metáfora do que é a sociedade brasileira. Uma sociedade que vai da realidade oficial ao lúdico real, num instante de cinco ou mais dias durante o carnaval. E parece que tudo é normal diante das câmeras que na época de caça às bruxas se põem como os olhos da moralidade brasileira, mas que em tempo de carnaval se põem como os olhos da identidade nacional. E por incrível que pareça diante desses olhares obtusos, vitrais, somos todos iguais ainda que na diferença, ainda que na crença, ainda que na consciência.

Segundo Tom Valença in “Configurações entre usuários de drogas numa cultura de consumo” a atividade lúdica vivenciada no carnaval representa a relação mimética existente entre os brasileiros: de um lado os que têm que lutar para sobreviver, de outro os que conseguem uma vida boa. Assim, a tal alegria do carnaval representaria na festa o grito de desaforo daqueles sobre estes e mais, uma vivência desejada que complementa de um lado os dois aspectos da realidade, ou como descrevi, o oficial com o real, a lá Machado de Assis, se me permitem. Ainda nesse estudo, Valença afirma que o real (grifo nosso) é a solução para as vicissitudes dos menos favorecidos, pois os outsiders se organizam e buscam na informalidade o jeito de se inserirem na sociedade nem que para isso ajam às avessas da lei. E é nesse contexto que o crime como um todo e o tráfico entram na folia no carnaval, e quem sabe dizer quando, ou até em quanto tempo no resto dos dias do ano, num futuro e próximo carnaval diário.

Ainda segundo Valença “o tráfico permite ao traficante um reconhecimento, um valor, uma distinção, que inverte o sentido do processo civilizador”, ou ainda a atividade do traficante representa uma forma lúdica de obter riqueza, ou seja, de uma forma fácil e prazerosa, não tão fácil ou prazerosa, porém mais fácil do que galgar a pirâmide social do jeito oficial. No entanto é importante salientar que a própria estrutura social vigente permite isso, chega ao ponto de criar os alicerces ou o gatilho inicial para a estruturação dessas atividades lúdicas. Nesse sentido Valença explica a questão ao citar Becker:

(...) “não é difícil entender porque numa situação em grande parte adversa, como a vivida por boa parte da população que não tem acesso ao consumo, a motivação de atos desviantes ganha vigência. Num jogo de poder onde as cartas parecem estar marcadas, alguns são tentados a estabelecer ludicamente, regras paralelas que lhes favoreçam, ou que no mínimo não favoreçam a quem geralmente leva vantagem – e aqui seria de um reducionismo descabido creditar esse desvio especificamente aos que estão excluídos do consumo material. Porém, na medida em que a exclusão aumenta a impossibilidade de construir uma identidade socialmente consumível, a exclusão acaba sendo, uma facilitadora para a consumação do desvio. Contudo, é importante salientar que um ato desviante não é um ato individual, ele é construído socialmente – conscientemente ou não - de forma que buscar pertencimento através do desvio torna-se parte da construção da própria identidade. “...os grupos sociais criam o desvio ao estabelecer as regras cuja infração constitui desvio e ao aplicá-las a pessoas particulares, marcando-as como outsiders. Sob tal ponto de vista, o desvio não é uma qualidade do ato que a pessoa faz, mas sim a conseqüência da aplicação por outrem de regras e sanções ao transgressor”. (Becker: 1997, 8/9).


Assim não há refutação em relação ao mecanismo de criação da criminalidade e até certo ponto podemos dizer que o seu surgimento tem legitimidade. Ao invés de explicações não muito convincentes de que pobreza gera violência, ou ainda explicações biológicas, ou psicológicas, o fato é que por trás da causa do ato delituoso estão as regras impostas ao transgressor. Então valeria perguntar: caso o Estado não se arvorasse na condição de detentor do monopólio da violência física legítima, então não teríamos criminosos, mas conflitos particulares de interesses, com os seus respectivos direitos em jogo? Sim. Mas não é tão simples, pois na recente história da humanidade parece ser impossível uma sociedade viver sem um Estado, de forma que a grande questão está no poder, quem detêm o poder e em seu nome e em nome do Estado impõe as regras. Assim o que posso dizer é que no Brasil o embate entre a realidade oficial vs. a atividade lúdica real, nunca esteve tão presente, ou tão perto de um limite entre uma ruptura fatal, ou revolucionária. Se antes, como diria algum sábio, a chave da organização social oficial estava em “dificultar para facilitar”, hoje, podemos dizer que a chave da organização social lúdica, está em facilitar para dificultar e nesse aspecto a violência nunca esteve tão presente, seja por parte do Estado, seja por parte da marginalidade. Essa contrapartida, para se deixar bem claro, vem crescendo numa espiral, pois dificultaram tanto que a facilidade foi à única forma que as pessoas tiveram para sobreviver e a força, ou a violência do real está subindo os degraus da pirâmide social a olhos vistos, de modo que a violência legítima do Estado fica em pé de igualdade com a força legítima da criminalidade, pois se de um lado temos o interesse e os direitos da sociedade da realidade oficial, de outro temos o interesse e os direitos da sociedade lúdica real e o resultado disso é o confronto crescente entre ambas. Assim, o problema é saber se a sociedade, ou melhor dizendo, os que controlam a realidade oficial se manterão no poder do Estado, ou os que controlam a atividade lúdica real conseguirão assumir o poder do Estado.

Por ora, ainda dentro de um contexto antropológico poderíamos dizer que existe um interesse por parte da camada social oficial de que a camada social real permaneça marginal ou marginalizada e para dar legitimidade a tal ideologia oficial, ela, ou os representantes dela (da camada social oficial) usam de um artifício demasiado humano, como diria Nietzsche: a estigmatização, cuja a explicação é essa, segundo Valença:

(...) “estigma é uma arma usada pelos estabelecidos na luta não apenas para manter os outsiders sob dominação, mas também para não serem eles, os estabelecidos, ressignificados como outsiders, enquanto estes por sua vez, estão lutando para tornarem-se estabelecidos, ou no mínimo não serem perenemente estigmatizados como outsiders”.

O carnaval, portanto é “o” momento, o desafogo, o auge, o grito de liberdade dos outsiders. Seria um tapa na cara da sociedade oficial, um aviso para sociedade oficial, ou uma convivência harmoniosa, ou então um meio cruel de dominação? Difícil de responder.

Mas voltando à questão do crime na folia... no início dos anos oitenta a cúpula do jogo do bicho carioca organizou legalmente a liga das escolas de samba do Rio de Janeiro e para a festa da alegria nacional, os desfiles começaram a ser transmitidos pelas emissoras de tv do país, sendo que hoje, a transmissão dos desfiles é de monopólio da Rede Globo de Televisão. Até o presente momento e apesar do “movimento” e dos meandros da criminalidade que o jogo do bicho, mais o tráfico impunham a coletividade carioca, como diz Mechel Misse in “Dossie do Crime organizado”: “Ao tratar da variedade de situações criminais que caem sob a qualificação de "Crime Organizado” (...) o jogo do bicho, o tráfico de drogas, as "mercadorias políticas" (...) a compra e venda de mercadorias políticas (extorsões e corrupção, venda de proteção, acesso a informações sobre operações policiais etc.) constitui uma das principais chaves para a compreensão da acumulação social da violência no Rio de Janeiro”, uma associação (não nos termos do crime tipificado como associação para o tráfico) direta entre o crime “crime organizado” e às escolas de samba, se não era comprovado, ou não comentado, ou deixado de lado, hoje virou reportagem de Jornal Nacional e da emissora de tv Record news. Notadamente com o suposto vínculo de amizade entre o presidente da Escola de Samba Mangueira e o chefe do Comando Vermelho e depois com outras reportagens que evidenciariam tal “associação”.
Muito bem, diante dessas notícias, certamente a sociedade oficial deveria ficar escandalizada, mas parece que não. Muito pelo contrário, todos querem é saber da festa e os donos dos olhos de vidro obtusos anunciam suas atrações carnavalescas como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra, ou seja, que o carnaval e o crime não possuem nenhuma ligação, ou pelo menos não fazem uma liga capaz de atordoar os que, ao longo do resto dos dias do ano, são os defensores da moral e dos bons costumes. Isso é preocupante? A mim não preocupa nem um pouco, pois essa metamorfose axiomática da mídia, no final das contas é o que dá o tom a identidade nacional e se no meu RG tem a minha cara, no RG do Brasil tem a cara do carnaval.

ATITUDE

Informação e conhecimento são palavras que podem ter o mesmo significado, porém, na prática estão em níveis diferentes. Na era da informação em que vivemos as informações se multiplicam exponencialmente, são dados que ao invés de contribuir para a formação de um ou vários juízos de valor, apenas limitam a capacidade de pensar do individuo que diante dessa massa de informações instantâneas não tem tempo de assimilar todas elas, de refletir sobre elas, muito menos de qualificá-las. Nessa era, diz-se que informação é poder, mas será verdade? Se for, apenas uns seletos grupos de indivíduos ou de organizações estão sabendo utilizar tais informações e qual o segredo deles? O segredo deles está no conhecimento. A mágica que existe por trás desses grupos e organizações é a transformação das informações, dos dados em conhecimento e isso gera poder.
Na antiguidade, os homens não tinham tanta informação, mas possuíam grande conhecimento, um conhecimento empírico que foi capaz de fazer que uma das espécies mais frágeis existentes na natureza sobrevivesse às adversidades do mundo primitivo se tornando os senhores do mundo.
Contudo, o conhecimento pelo conhecimento não gera poder, muito menos é capaz de transformar a realidade, pois além das informações e do conhecimento é necessário que o homem tenha atitude. Atitude é a resposta que o homem dá diante de situações que lhe impõe tomada de decisões com a devida ação correspondente.
Assim a missão do blog ATITUDE é proporcionar ao leitor uma visão crítica das informações buscando sempre a divulgação do conhecimento, seja ele cientifico ou empírico, na esperança que você tome uma atitude diante dos fatos, seja ela positiva ou negativa. Eu já tomei a minha, escrever.